domingo, 22 de março de 2015

A gota

A gota que nem se pode perceber
mas, que a qualquer lugar está.
Sente-se,  mas a esquece.
precisa, mas indifere.
A gota, cheia de amor,
escura de dor,
abatida sem pudor.
A gota que preenche o oceano
e de gota em gota o rio transbordando.
A gota, a qual
tirou o "ar" daquela gARota
e tornou só gota,
diferente daquela outra
que esfria a boca
velha e louca
de roupas poucas.
A gota, apaixonada
que sempre se abandonou na estrada
morrerá sozinha
destratando cachorros
molhando o asfalto
secando ao sol, virando fumaça.
A gota, encontra-se sem graça
pois precisava de mais uma decepção,
pôs uma corda a sua mão
e pediu coragem, mas não a viu chegar.
Tornou-se ao sono, o velho sonho
a garotinha, é sua filha
que se fez gota
estando longe, se faz tão perto
no coração, ofegando o pulmão.
Gota maldita, só tem problema
e até na morte, só é estorvo.
A gota, deságua no oceano
e vê tudo aquilo que era só plano
entre um fulano e seu cicrano
ser realizado, foi maltratada,
perdeu-se gota, a outra em outra.
Agora em pranto, espera o "vir"
o que era mesmo "carpir"?
Soluços de fome, molha o estrume,
lança-se ao betume, a chamas some.
A gota, destroços tais
parece caco, tantos insultos
a cabeça em tumulto, virou sepulto
que caiado está, mas só por fora
porque por dentro, és putrefato,
fios despenteados, a gota arruma.
Vê-se como solução, mas digo não!
És apenas tão egocêntrica
que mal se senta quer levantar,
palavras acabar, e neste momento
cansado está, de tanto palavrear,
ninguém já leu, gota tão seca
gota tão fria, sem nem um ponto
ja está tonto, de tanto rodar,
finda ao sono, fina e linda
já foi mocinha, agora demônio
tampoucas linhas, nunca foi minha
foi só um sonho.
Gota sofrida, desce ao rosto,
fez-se em orvalho, colcha de retalho
tão incompleta, em linhas retas
tomou seu rumo, rumo sadio
mais solitário do que estar no rio,
que mesmo com tantas gotas
vê-se em outra, acabou chorare.